Estou Voltando para casa !

Final de ano ,férias ,malas prontas coração exultante,vou voltar para

casa.

Queria conhecer o mundo ,aprender linguas ,pessoas lugares ,enfim ser uma cidadã do mundo.

Aprendí ,conheci ,amei ,sorri ,chorei ,voei me transformei em boboleta .

Nunca esquecí minha gente , minha terra ,meus amigos ,e meu grande amor ...e por ele estou voltando.

Quero de novo pisar a terra quente , beber água fresca do riacho, sentir o cheiro de mato , o perfume das mangas maduras, colher uvas ,

ouvir os pássaros no alvorecer , o mugir do gado , o som do carro de bois , o ranger do assoaho do velho casarão,e ficar em silêncio na hora do ANGELUS ás 6 da tarde, enquanto rezava-se o terço diante da Virgem Maria na grande sala decorada com guardanapos de algodão engomados e alvos como nuvem.

Vou de novo lotar de tralhas meu fusca bala ,pegar estrada ouvindo fita cassete,com musicas de Roberto,parar de vez em quando comprar

marolos nas barracas da estrada.

Quando anoitecer , subir no teto do velho fusca e olhar ae estrelas aparecendo uma a uma , sentindo a brisa limpa fresca de uma terra

ainda intocada .

Ficar assim embevevecida com as maravilhas de Deus , sem medo , sem preucupações com a violência das cidades grandes .

Com o raiar do dia , o espetáculo continua , o sol desponta num tom de vermelho jamais visto em qualquer lugar que não seja nas serras das gerais.

Cabelos longos ,vento no rosto e fusca serra acima.

Logo braços abertos olhos marejados , sorriso franco,esperam-me .

Vou entrar casa adentro , cheiro de café torrado na hora , pão de queijo, á benção mãe e pai e reverências á mãe SANTÍSSIMA junto com a grande bíblia aberta no salmo 91.

Meu planto vai rolar ,nossas lágimas vão se misturar num misto de alegria ,saudade um imenso prazer que só sabe quem tem uma famíla como a minha .

A casa é a mesma ,os sons os cheiros ,as fotos na parede...

Na grande cozinha arde desde as primeiras horas da manhã o fogão á lenha , de onde se pode ver enfileiradas as linguiças, toucinhos para serem defumados.

O bule ,o mesmo que me viu crescer continua lá em cima da chapa ,sempre com café fresco para quem chegar.

Voltei para casa ...

Quintal cheio ,festa ,mesa farta ,sorrisos,nenhum luxo ,todos os carinhos ,todos abraços e causos a serem contados e de novo estou no paraiso de onde nunca deveria ter saido.

Vou comer frango com quiabo e polenta ,couve picadinha fininha ,torresmo , leitão á pururuca com farofa de milho,tomar vinho feito pelas mãos do velho GUIUSEPE meu avô,sobremesa,feita por vó Izolina, arroz doce ,doce de abóbora da própia terra.

Á noite ,na beira da tulha vou ouvir Jerônimo ,meu grande amor, cantar e declamar para mim...

MINAS que viví ,dezembro 1968.

borboleta azul
Enviado por borboleta azul em 19/12/2008
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