CIRCUNSTACIAL
O horizonte que te doei
brilha em minha retina lunática
O dia hoje está embriagado
pelas possibilidades de teu Baco na madrugada
Eu sinto um rito
Uma passagem
Um templo que se abriu
Estilhaços de ecos flutuantes
em frases contratadas pelas salivas dos sátiros
Pressinto que a nau é tocada pela líquida estadia do mar
Os ouvidos roucos se aproximam
dos cantos loucos das sereias
Os corpos se lançam em naufrágios
arquitetados pela vastidão noctâmbula
Vago dentro de mim
Subterrânea reação que me protege
do poder das letras mortas
Das fagulhas acesas em vaga-lumes
que dançam dentro do peito
Percorro o entreato da memória manchada
E derrubo as porcelanas dos tabus e dos mitos
A mutilação é visível no invisível dos fatos
Sou eu mesma que desmancho a cabeleira
E alinhavo os sonhos nos broquéis de meu casulo
Iva Tai