DESTINOS

Consultei meu fiel Oráculo

Monstro de previsões tamanhas

Destrinchador de futuros

Detentor das sintonias finas,

Excêntricas, sobre-humanas

Disposto estava a Informar-me

Dos mais infindáveis assuntos:

Dos misteriosos destinos do amor

Aos funcionamentos do intestino...

Dos pôqueres de sábado

Aos palpites de cavalos

Do bom andar no trabalho

Ao saber de nós, se juntos

Ou separados...

Além de outros muitos assuntos,

Muitos especulativos, diversos,

Absurdos ou enquadrados

As respostas do Oráculo,

Desta feita,

Deixaram-me contrariado!

Recheado de um fraseado vago...

Meu fiel sacerdote

Cansou-se de me entregar

Respostas mastigadas!

Nada adiantou meu reclamar...

Disse-me, convicto

Que por certo não merecia

Tal enorme deferência...

Que para todos os outros

Crua e indistintamente

Proferia os rumos da sorte

Em parábolas, apenas!

Por vezes,

Lhes confabulava até

Por incertíssimas fábulas...

Serenamente, arrematou:

“Por que lhe privilegiaria?

Se não segue, a rigor, nada,

Nada sequer que lhe diga?”

Perguntei-lhe indignado

Quem foi que isto lhe falou!

Jurei-lhe ser pura intriga...

Ao que rindo,

Com seu olhar empedernido,

Me respondeu nada tímido:

“Ninguém mo disse!

Simplesmente pressagiei...”