NO BOSQUE
Ali, à sombra, eu me sento.
Coloco o chapéu e a garrafa d’água do lado.
Fecho os olhos.
Fecho.
Viajo.
Sob as árvores estou e vôo.
Sou igual um pássaro.
Busco o espaço.
Das coisas físicas me desembaraço.
Eu sobrevôo o bosque fresco.
Vejo um afresco.
Uma pergunta.
Que pensas, ave colorida?
Que pensas da vida?
Não penso.
Agora não estou pensando.
Só estou sentindo.
Só estou voando.
O som de umas botas pisando em folhas secas não me desperta.
Nada me alerta.
E o “caçador” se aproxima.
A pergunta eu ouço assustada.
Que fazes, bela mulher?
Abro os olhos lentamente e o vejo de pé, bem à minha frente.
Os olhos dele estão pregados no meu rosto.
Respondo calmamente.
Descanso.
Aqui?
É proibido?
Não. É perigoso.
Pego o chapéu e deixo a garrafa d’água... “esquentou”.
Digo.
Então adeus. Eu vou...
Me afasto.
Ele fica me olhando simplesmente.