GAIVOTAS BAILARINAS

Vi-me nos sonhos das aves femininas, majestosas criaturas a deslizar no vento da conquista, sereias além do mar. Sobre as areias da praia, meus desconhecidos desejos, nos olhos das gaivotas perdidas. Um vasto oceano de imagens como abraçar o meu rumo, em meio a caminhos tantos, eu, livre e sereno, resumindo acordes, entendo o bailar, apalpando com olhar de paixão, a história daquela instigante valsa de gritos e sobrevôos...aquelas mulheres de asas. Por instantes apenas, sou eu o passado no inconsciente selvagem, no aconchego de ninhos que desertam da realidade, na constância de vôos rasantes e belos, entre o céu e o mar. Vi-me buscando ser um pássaro, presente na vida das femininas aves migrantes, minha herança, minha arte..., imaginar dali uma poesia. Entre as curvas do céu, no passar das nuvens e ventos, me sirvo das miragens que o sabor das ondas transformam em sabores, salgando minha boca com a leve brisa da tarde, aquele corpo de baile, elaborando a sinfonia celeste, e novamente eu, livre platéia, sigo as areias, nesse meu caminho de acalantos, ante a presença daquele, que nos meus sonhos, transformou-se no incomensurável e majestoso poema de mulher.