Tédio
Escrito sob aquela sensação de inutilidade que, por vezes, assalta os que se aposentam para se dedicarem a uma atividade pessoal, que pode distrair e satisfazê-los até, mas que não produz resultado sobre as massas, nem abriga ambições outras senão as da satisfação, um tanto egoísta, de seus próprios desejos.
Estes dias de agosto, cinzentos e cheios de pó, em que a fumaça que sobe das queimadas tolda o céu e empana o brilho do sol, emormaçando a terra, não sei por quê me esvaziam a alma e me entristecem tanto!...
Estranha sensação!... Desejo de fugir ou de sair andando, sem rumo certo, pelos caminhos empoeirados do mundo, carregando o fardo imenso das minhas imensas saudades. Saudades imprecisas, tumultuantes e fortes como o próprio tempo que as gerou e as empurrou impiedosamente, para trás. E, sinto, mais do que um simples desejo, a necessidade premente e inadiável de rever lugares, reencontrar pessoas, relembrar fatos que contaram na minha vida e que se transformaram nestas saudades pungentes, que eu, gostosamente, carrego ao longo desta jornada de mais de meio século e que povoam o meu mundo nas minhas horas de tédio e solidão...Solidão dos que amam, sem alarde, tudo!... Tédio dos que lutaram e conseguiram atingir seus objetivos, qual o alpinista que após anos de luta e tentativas, escala sua montanha, matando uma esperança e um sonho, lindo demais para se tornarem realidade dura como a própria pedra que ele sofregamente pisou...
Talvez tenha eu escalado a minha última montanha, como aquele alpinista e me encontre agora, como ele, lembrando as outras escaladas, remoendo estas saudades gostosas e intediantes, próprias dos que amam as alturas e se acostumaram a ver de perto o céu e, de mais longe os horizontes azuis... Sem rumo certo. Sem outras montanhas a escalar, contento-me em pisar o chão aqui embaixo, ao sabor das minhas recordações e das minhas saudades.
Maio de 1972.
Escrito sob aquela sensação de inutilidade que, por vezes, assalta os que se aposentam para se dedicarem a uma atividade pessoal, que pode distrair e satisfazê-los até, mas que não produz resultado sobre as massas, nem abriga ambições outras senão as da satisfação, um tanto egoísta, de seus próprios desejos.
Estes dias de agosto, cinzentos e cheios de pó, em que a fumaça que sobe das queimadas tolda o céu e empana o brilho do sol, emormaçando a terra, não sei por quê me esvaziam a alma e me entristecem tanto!...
Estranha sensação!... Desejo de fugir ou de sair andando, sem rumo certo, pelos caminhos empoeirados do mundo, carregando o fardo imenso das minhas imensas saudades. Saudades imprecisas, tumultuantes e fortes como o próprio tempo que as gerou e as empurrou impiedosamente, para trás. E, sinto, mais do que um simples desejo, a necessidade premente e inadiável de rever lugares, reencontrar pessoas, relembrar fatos que contaram na minha vida e que se transformaram nestas saudades pungentes, que eu, gostosamente, carrego ao longo desta jornada de mais de meio século e que povoam o meu mundo nas minhas horas de tédio e solidão...Solidão dos que amam, sem alarde, tudo!... Tédio dos que lutaram e conseguiram atingir seus objetivos, qual o alpinista que após anos de luta e tentativas, escala sua montanha, matando uma esperança e um sonho, lindo demais para se tornarem realidade dura como a própria pedra que ele sofregamente pisou...
Talvez tenha eu escalado a minha última montanha, como aquele alpinista e me encontre agora, como ele, lembrando as outras escaladas, remoendo estas saudades gostosas e intediantes, próprias dos que amam as alturas e se acostumaram a ver de perto o céu e, de mais longe os horizontes azuis... Sem rumo certo. Sem outras montanhas a escalar, contento-me em pisar o chão aqui embaixo, ao sabor das minhas recordações e das minhas saudades.
Maio de 1972.