"Encontro do encanto"
A ousadia é que me move, impulsiva e descontroladamente. Justa, acomete-se em minha sina, do racional ao emocional. E, na pachorra de meus olhos, ludibriados pelo desejo, transformo-me.
Vilmente visto minhas roupas com intento de, imediatamente, despi-las. Seria insano pensar que a mesma ocultaria minha sensualidade. Colada às minhas pernas, torneadas pelo labor penoso e apurado, a calça de um jeans desbotado insiste em seduzir-me. Contrai minhas nádegas massageando-as suavemente, feito águas em calmaria agitação. Na cintura a folga de um mensurável comedimento. Era a libido, enlouquecida diante do meu manso caminhar.
A camisa adejava quando ao encontro do vento, e o volume dos meus seios a preenchiam tornando-a apreciável. Hirtos, as saliências acopladas aos meus seios prediziam o que não se calaria momentaneamente.
Minha boca entreaberta e falante cala-se diante do turbilhão de palavras, imaginariamente, sussurradas ao meu ouvido. Meus passos, dados aleatoriamente, cessam. Minhas mãos, já sem o domínio do meu consciente, esvaíam em contornos pelo meu corpo.
A multidão insípida observa, nada cala e nem interrompe minha teatralidade. O pudor vencido desmorona, e eis que minha opulência feminina grita.
E do outro lado, onde a multidão cega observava, a inocência fumegava perversão. O poderio da cena, apetecida pela ação do ensejo direciona-me ao encontro do outro.
E, quando únicos, sem o arrefecimento dos olhares alheios desatamo-nos a dançar feitos felinos enfurecidos e esfomeados. Devoramo-nos simultaneamente, numa digestão lenta e suntuosa.
Para enfim, acordarmos da fadiga encenada.