Os sinos
No crepúsculo da pretensa noite enluarada embalo teus olhos em meus seios, deito meus cabelos em teus olhos fechados, cravados, orvalhados. O balanço das marés quebrando em ondas de vidros extraídos das línguas salgadas, sorvo cheiro de canela, danço um blues nas suas arestas. Sinto as partículas dos anseios, do tabaco. Engasgo com o odor da cortina de seda preta que transparece minha alva silhueta, dos delírios...
desse meio
do pulsar desesperado na lentidão de um beijo-luz.
Nisso eu creio.
Como crianças num carrossel dourado, revelo o que é mais sagrado – inocência ausente – alcova amorfa. O que se perde para sempre fica perdido – não esse instante. Na torre, da janela vejo lírios alados despejando sua cor numa aurora boreal, tecendo nuvens felpudas pro meu espírito brincar de cheirar prazer ao vento.
Antes que os sinos comecem a dobrar.