Na Tarde
"O que vamos sonhar."
Carlos Frazão
O que vamos sonhar, sobe aos terraços onde a solidão se dissolve na tarde e as aves velam o brilho dos muros, sentida viagem nos navios ancorando as veias. Quando a luz do dia me afoga em imagens ou é o teu rosto inclinado no perfil dum instante. Sucederá uma hora profunda, não é breve o sonho nem o concerto da música dos olhos, olhar errante pela pele de um amor assim.
A escadaria da sala, ouve os sentidos e as sílabas suspensas na espiral do desejo, o que mais perto toca as fímbrias do corpo e não se diz, mesmo que houvesse nos lábios outros lábios como a verdade do corpo. Vamos sonhar o silêncio no fio da lâmina, embala os dedos no que arde e todas as metáforas se dispersam sob o vale das sensações. Ao fundo o vento vai em colunas abrir as janelas, a vida é um anúncio na exaltação deste espaço. O deliro dos espelhos
do sonho.
E quando soubermos que a realidade: se esvai – sobe aos terraços da tarde
no oceano do céu.