C O M A D E S A V E N S A N O L A R !

O nosso amor

Veio um dia a findar,

Pela sua intransigência

E a mania de limpar.

Com você, eu nunca vi algo da casa,

No mesmo lugar, um minuto ficar.

Ao sair pela manhã a tudo eu observava,

Para quando a tarde regressar

Pelo menos um lápis, eu pudesse encontrar.

Mas anos a fio, você insistiu, eu a reclamar,

A tudo parecia querer destroçar

E esta mania começou a me assustar.

É certo que o capricho, só pode nos alegrar,

Mas o exagero, sempre veio a nos prejudicar,

E foi o que acabou um dia por nos separar.

Além de tudo, vivias a me insultar,

Quando em um sofá eu queria sentar,

Dizendo irada, que a tal capa

Com o meu peso iria amarrotar.

Os nossos amigos, nunca puderam nos visitar,

Porque em casa, tudo estava sempre de patas pro ar.

De nada adiantava eu implorar

Limpe as coisas sem querer tudo modificar,

Pois de tanto arrastá-las

Todos os móveis você vai estragar.

Foi tanto, que tudo, de fato começou a afrouxar,

Não existia prego e não adiantava martelar

Que as portas do roupeiro não vinham a fechar.

A pobre cama, de solta, não parava de estalar,

Quando seus carinhos eu queria procurar,

Lá ia uma tábua no chão se esborrachar!

Depois disso, até ela, nós tentarmos arrumar,

O que fazer da vontade e o desejo de me achegar?

Quantas vezes eu lhe dizia, vá passear,

Conheça outras pessoas, que esta mania vai terminar,

Mas não, você firme quis continuar

Estragando as coisas que me pedia para comprar.

Não aquentando, resolvi de você me divorciar,

Abandonando-a, antes que você viesse a me agarrar

E a alma de meu corpo, quisesse arrancar,

E usasse-a como um trapo, para o piso esfregar.

Não consegui estas loucuras aceitar,

Dentro de casa, um bichinho vivia a lhe atormentar

E diante dos olhos, sujeira vivia a enxergar;

Ficastes doida, não posso me conformar,

Pois não eras assim, quando começamos a namorar.

Que triste idéia eu tive, de um dia me casar,

Mas compreendam, eu só queria ser feliz, dentro

“de um lar doce lar”.

Nem mesmo filhos, não viemos a esperar,

Pois tive medo, de que ele, você viesse a ensaboar,

Para, quem sabe, o rosado de seu rosto retirar

Arrancando sua pele e enfim o viesse a matar,

E antes que um júri tivéssemos que enfrentar

Tive forças, e um adeus consegui lhe dar.

Sei que criador veio a me abençoar

E bem longe de você, consegui me enquilibrar,

Foi pena que seus ricos pais, não guiseram me indenizar,

Por neste tempo que insistiu em me torturar

E com o prejuízo, sozinho eu tive que arcar !

Mas o sossego que a separação veio me proporcionar

Não há dinheiro no mundo que possa me pagar.

Hoje, em outros braços estou a me acarinhar,

E a única coisa que ela quer limpar

É a tristeza que ainda existe em meu olhar!

Trago ainda, um certo desconforto, pois vivi para amar

Uma doente, esquizofrênica, que só quis me perturbar,

E que por uma benção, não conseguiu me aniquilar...

Aonde foi parar aquela louca, não posso imaginar,

Mas onde estiveres, um pedido quero deixar:

Use sua mania para outros auxiliar,

Em casas beneficentes, com ela,

Alguma dor poderá amenizar...

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 11/12/2008
Código do texto: T1329771
Classificação de conteúdo: seguro