Divagações
E havia no meio do nada uma cidadezinha. Um vasto chão de terra batida. Um vento a soprar em direção ao infinito. Julgava eu, ser o mundo aquilo. Depois vi que além daquelas casas havia uma vida diferente.
Gente chama gente. Isso me fascinou logo que soube da cidade grande. Vi prédios tão altos como a figueira que havia em frente à casa de meus avôs. Fiquei a meditar. A internet seria o mundo todo? Agora eu podia saber de coisas só imaginadas. Mas se uma coisa une, aproxima, também separa. Eu não podia estar lá, com ele. A conexão cai. E fico sem... Só a lembrança de bons momentos.
Olhei em volta. As conversas na pracinha. O encontro dos amigos. Um sorvete aos domingos. Um jeito simples de falar. No entanto, desejos de ser. Ah! Que fazer com essa férrea vontade de amar? Ser amada! “Há tantas violetas velhas sem um colibri!”. Eu sabia o nome de minhas divagações- solidão. De mim. Culpa de um mundo imaturo. Eu era imatura. Queria não ser... Mas não sabia como. Perdida no mundo do “Não sei!”.
Ih! Estão as palavras mexendo em meu cérebro. Tenho medo do que sinto. Fugir de mim. De meus pensamentos. Fechar-me à vida. Esquecer as flores. Deixar que a terra seca seja a minha única verdade. Os pássaros cantam, mas há aves de rapina à espreita. Tudo se resume ao que já foi dito- O tempo não volta. Não se pode viver de sonhos.
Pôr os pés no chão. Era o que eu devia fazer. Molhar o rosto com a água da bica. Deixar a chuva lavar minha alma. Serena. Sem grandes desejos. Naturalmente sentar-me à porta da casa e vê o tempo passar. Seria uma forma de morrer? Esperei.