Só o tempo
Sinais consomem o tempo e decodificam o poder do ser. A idade chega aos poucos e modifica a visão que temos do futuro. As transformações são lentas, porém, importantes e necessárias. Cada qual depende não apenas de si para que o momento prossiga. O instante é vivido e a decisão não é democrática. A experiência não aumenta necessariamente ao final da juventude. Quem quer ser servido ao longo de sua existência que aumente a sua capacidade de amar. Aos poucos, observa-se perante uma superfície refletora, que o amigo fiel da vestustez é a solidão. O isolamento vem, destrói o poder de ilusão e faz com que os pensamentos fiquem retraídos. Neste instante, as coisas mais simples tornam-se complicadas.
O entendimento se confunde com o erro. Tudo parece tão simples e tão distante. A dor não traduz mais o itinerário percorrido pela agonia, mas sim o ardor de um estágio essencial para a sobrevivência. A ausência de tolerância diagnostica o rumo que a vida toma. O eu ressurgi frio e previdente. Cauteloso ampara-se nas noções aprendidas para remanejar seus passos. O caminho é novo, mas as pegadas nunca se apagam. Independente disso é impossível voltar e percorrer o trilho sobre os mesmos passos.
A intenção de recomeçar traz a tona o pensamento e alimenta o instinto inquieto e repreensivo da raça humana. Não se regressa ao destino sem um objetivo, exceto quando não se sabe o porquê dos acontecimentos. Porém, o tempo continua sempre à frente. Quando a percepção supera o auto poder de persuasão, os sentidos demonstram o que é realmente envelhecer só. Neste instante, o sofrimento pesa, a mágoa arde como uma chama e a aflição assume um papel inconveniente e contraditório. Só o tempo resolve problemas e responde perguntas. O fato é quão extenso será e como cada qual se reestruturará.