O tudo e o nada
O tudo se traduz em nada. É difícil acreditar que a destruição é demasiadamente rápida a ponto de interferir na construção. O que seria o amor nesse momento, em meio à razão? Anos se passam em segundos. Lembranças perduram e junto a elas os sentimentos. Quero expor em lágrimas a dor em meu peito e não consigo. Estou engasgado. Imaginando um futuro melhor que talvez não aconteça. A mente rebusca intensamente um passado recente. Todo esse desgaste desequilibra o corpo.
Preciso respirar fundo e colocar os pés em um chão que está cada vez mais distante. Sinto-me inútil perante as situações de descaso e audacioso diante dos acontecimentos. Percebo minha fuga perante as inversões contrárias da minha mente. Durante certos desenlaces vejo o quanto sou fraco. Sem término predestinado, meus dias tem sido repletos de espaços vazios, começando pelo coração. Inofensivo, seduzo minha alma a ferocidade e transcrevo paralelamente a mágoa. Cada linha uma lágrima e o choro continua engasgado.
Onde está você? A dedicação presente no passado tenderá o nosso futuro. Queria eu poder decidir o teu destino. Tudo se transforma. Nada escapa! A resistência imposta pelo corpo inutiliza o pensamento, mas não descama a sabedoria. Temo pelo destino que não usufruímos. Na decorrência do tempo, o tudo que construímos ainda é pouco e parados não restará mais nada.