A ESMO
por escrever por escrever só para salvar alguma coisa qualquer coisa que aceite ser salva que deseje ser salva que tudo o que importa no momento é salvar alguma coisa que se possa salvar que se consiga salvar que é sempre tão difícil salvar alguma coisa única quanto mais todas as coisas que precisam ser salvas porque se não forem salvas não resta nada e para que reste alguma coisa é preciso salvá-las todas a cada uma coisas salvá-las até mesmo de si mesmas coisas que não sabem o que seja o melhor para si mesmas como se soubéssemos o que seja o melhor para elas nós que morremos de ausência ao ouvir um fado um tango uma milonga um chorinho um deus-nos-acuda qualquer para as dores todas que nos chegam como cegueira para as possibilidades do dia e assim se fica preso à noite como mosca em palpos de aranha nesta aranha-noite nesta noite-aranha enquanto o sol invisivel brilha fora de nós invisível sol lá fora de nós fora de nós sol de nós sol de nós os nós do sol os nós do sol os nós do sol o sol de nós os nós de nós assim sós assim sós assim sós assim só nos palpos da aranha no centro da aranha noite a nos deglutir assim SILENCIOSA