OU SILÊNCIOS
Queria que fossem as palavras, a fazê-lo.
Que falassem das emoções e dos anseios,
do tempo esculpido em horas de pedra.
Que trouxessem á memória e á claridade
as profundezas mais guardadas de todos os baús.
Que exorcizassem todos os mal entendidos,
e expurgassem o mundo de todas as dúvidas.
Que simplesmente tivessem o peso do que dizem
e se revelassem o produto de escolhas felizes.
Queria que fossem as palavras, a fazê-lo...
Mas não objeto a que sejam os silêncios.
Desde que, depois deles, haja histórias a partilhar,
na intimidade cúmplice de alguma fogueira.
Desde que mantenham as mesmas certezas
das palavras que algum motivo conseguiu impedir.
Desde que façam parte do hino
que á vida se canta o tempo todo...
Dez 2008