TAPERA
TAPERA
Querência abandonada, pedaços de história. Telhas, tijolos, pedras e madeiras, corroídas pelos cupins, marcas do tempo nas paredes e no rosto do caboclo seresteiro que canta suas mágoas olhando para o céu e contando as estrelas. Sonhando replantar suas lembranças na beira do regato de águas limpas e transparentes, colher tomatinhos, pimentas e maxixes que teimam em renascer.
Ouvir o ranger e o bater da porteira. A velha senhora na janela a espera dos filhos que estão prestes a chegar. O velho carapina a consertar carros de bois.
Voltar á infância e brincar debaixo da frondosa árvore na porta de casa.
Ir ás quermesses e ver os fazendeiros nos leilões a arrematar leitoas e frangos assados, sentir o aroma passar nas suas narinas. Mas acordar para a realidade e estar em frente da casa que já não mais pertence á família, saber que vai ser demolida em breve, ter que reconstruí-la nas lembranças. Fotografar, retratar, e eternizar. Esta é a única solução, pensava com os olhos cheios de lágrimas.
Edson, 14/06/08
18:24 h.