UM POETA QUE NÃO SOUBE O QUE FALAR.
Fecho os olhos para tentar encontrá-la. Procurei palavras para dizer que pensei em você, tão repentinamente. Que acordei e continuei sonhando com um sorriso de um tolo viajando em um passando não tão distante. Olhares nos lábios, olho no olho, pensamento de desejo, expressões de cobiça, boca na boca era à vontade.
Mas como entender, porque não aconteceu, se ambos demonstrávamo-nos e deixávamos explícito que enamoraríamos? Que simplesmente aconteceria!
O que se perdeu de mim ou o que mudou?
Minha vontade de conte-la próximo ao meu corpo, de sentir o gosto do teu beijo, de tocar tal pele macia com cheiro de rosas, era evidente. As palavras que tanto se faziam presente em minha personalidade e vida de poeta, fugiram como presa do predador.
Mas, sei que não precisaria falar tanto (mesmo que próximo dela, não sabia o que mais falar, o dizer, sobre o que conversar), pois de certa forma já tinha mostrado a vontade de beijá-la e havia reciprocidade.
Quando toquei de leve o teu rosto e deslizei minha mão a tua nuca acariciando-a. Vi-lhe de olhos fechados e do de lábios umedecidos, cedidos a mim.
Admirado fiquei, pasmo, imóvel, tolo, tantas outras palavras que não são adjetivos. Uma ação não realizada, que se tivesse sóbrio, nem eu, o próprio não teria acreditado.
Com toda minha vontade, com toda expressão de uma bela jovem, com toda minha “burrice”, não a beijei.
Aumentando a minha dor, o teu olhar de não entender, o porquê não, sem ação, sem palavras, sem mais jeito de me olhar, onde és o fim, que me deixa e saí sem ao menos dar um tchau, ou um adeus.
Novamente, não sei o que se perdeu de mim ou o que mudou!
Em outros momentos não teria deixado-a ir, lhe seguraria e nos envolveríamos em um beijo inesquecível.
Para meu martírio, a vontade permanece até o agora, procurei em tantos lugares, e não a encontrei. E comigo uma esperança que não tenha mudado o que poderia ter acontecido. Caso contrário o martírio virará purgatório.
Como me convencer, entender, que um poeta não soube o que falar, e que um homem com toda sua vontade de agir, teve a “burrice” de não saber o que fazer. Ou sabia, e covarde ficou diante da coragem.
O que se perdeu de mim ou o que mudou? É o que tento descobrir.