QUERO SER DE NOVO INOCENTE

Quero ser de novo inocente

Aquele indivíduo maroto

Com modo de pensar menino...

O ranhento das peladas de rua

O briguento de roupas sujas,

O caçador de passarinhos

Que lança pedras aos pobres

Mas que, em outros momentos

Segura-os dentre as mãos com carinho

Coçando-lhes as corcovas

Um pirralho marrento, abusado

Comedor de cocadas e suspiros

Levantando, escondido sob mesas, as saias!

O menino que responde às broncas da mãe

Em caretas e línguas por trás

Mas que ao primeiro barulho de trovão

Esconde-se assustado às costas dela

Embora saiba ser mais fita que medo

Quero em mim este chato pirralho

Não... Não precisa voltar o tempo!

Pode ser eu, com a idade atual mesmo...

E com essa cara um tanto quanto passada

A atitude é que deve ser marota...

Quanto ao ser ridículo que irei parecer

Aos olhos de tanta gente,

Com certeza agüentarei...

Ruim mesmo é ser adulto responsável...