Quando me tornei viciada

Não tenho o dia exato.

Mas, lembro-me que era uma tarde chuvosa e, ficar apenas vendo a chuva desenhar em minha janela já estava me entediando.

Sabia que o momento era ótimo. E realmente foi.

Nem percebi que havia virado a noite, que havia parado de chover e que um sol tremulava ébrio em meio ao orvalho.

Em momento algum o sono surgiu.

Fui para outras galáxias e peguei carona, literalmente, na cauda de um cometa.

Não era meu cometa. Nem era minha, a viagem.

Mas, que passeio fantástico!

Quantas aventuras surgiam ante meus olhos.

Deixavam, meu eu, em suspenso.

Eu era um personagem.

Eu vivia a fantasia, gemia com o drama, suspirava ante a sensibilidade.

Fiquei, assim, por semanas. Por meses, até.

Quandocomeçavaaembaralharavisãoeanãosabermaisemque

espaçomeencontrava dava-me um tempo.

Eu tinha certeza que tudo aquilo mexia com a minha cabeça.

Era um mundo novo.

E esse novo mundo, mudava meus conceitos.

E todos os meus preconceitos.

Fui ficando mais próxima da vida.

Passei a entender o cotidiano com mais objetividade.

Deixei de ter a cabeça nas nuvens.

Mudei para as nuvens.

A partir daí, moro nelas.

Meu grande vício: leitura.

De todo jeito.

Em tiras, em recortes, romances, dramas, tragédias.

E muita poesia.