Demasiado Amor
Questionam a respeito de namorados.
Vejo casamentos. Extensas declarações de amor.
O homem entregue a sua única mulher. Laços perpétuos.
Desse construído se generalizam as relações.
Não se pode mais nada além.
Abreviam o tal amor a limitadas formas de estar.
Como são breves esses homens.
Estufam o peito, falam é minha, é meu. É isso.
Domínio de um para o outro.
Parecem estar para sempre acorrentados por cordas de espinhos crus.
Dizem-se satisfeitos.
Tornam-se privados.
Eu quero amores imensuráveis.
Amores orgásticos.
A metafísica na carne.
Gosto de gente, não me trancafio.
Deixo ser carregado pelos olhares incertos, pelos toques das pontas dos dedos, pelo encontrar leve de lábios, por aquelas palavras misteriosas ao pé do ouvido.
As sensações nos dão o sentido que estava perdido. Retornarmos ao que sempre foi.
Quero ir a fundo no império da sinestesia.
Tem fim? Tem saída?
Aprecio deliciosamente cada novo momento chegado, cada presença em sua manifestação vívida.
Não digo em caráter lascivo ou no dito promíscuo.
Só quem ama em demasiado é que entende.
Tenho sede. Muita sede.
Sede pela existência, minha e de tantas.
Vontade de amar o infinito indecifrável.
Gozar em sintonia com todo o universo.