Na brumas do tempo...
Por vezes em longas noites,
Dar-se a imagem dos teus olhos,
Olhos que louco jamais vi.
Pós o teu corpo em passos finos,
Que nascem por entre a porta,
Silenciosamente entreaberta,
Fitas os teus grandes olhos, negros,
Põe-me entre teu flanco e teu seio,
E faz a vida ventura outrora ensejo.
Nada falas, apenas vela meu então descanso,
E não me pedes para que adormeça,
tão pouco que me aperceba.
Queres aquilo que sou, sem que tenhas,
Te levantas num sorriso brando,
E vejo fechando-se a porta...
Interrompe-me apenas o barulho junto a janela,
É o vento que sorrateiro rouba-me o sono,
Despertando-me entre o dia e a noite.
A cozinha limpa e quieta, apenas testifica
Minha então verdade enseada,
Tenho somente o cheiro do teu riso,
Impregnado entre o o lençol e o desejo,
por sobre as brumas do meu desgosto,
Foste tu mulher, esposa minha...
Que jamais veio, que jamais tive,
Mas amo, amo loucamente a cada dia sem ter...