Restos de Feira
Restos de feira postos à mesa
Sábados...domingos...e todas as outras feiras
Tranqueiras
Restos do consumo
Insumo
Mãos brigando pelo vegetal
Mais vale que o vil metal
Alface, couve
Que houve?
Tomate, berinjela
Quem é ela?
Feira passada não estava
Que vem, estará?
Quem é ela?
Aborto falho, por acaso?
Pobreza!
Filha da Dona Ignorância e do Senhor Descaso
Neta do Analfabetismo e da Insignificância
Uma a mais, daquelas sem infância
Futuro sem lembrança
Passado sem ser criança
Tirada à força
Mendicância
Olhos-faróis vermelhos
Sem saber porquê os joelhos
Implora
Dia melhora?
Pra que as horas?
Se nem as têm mais pra sonhar
Dia de glória?
Livre. Vai memória?
Não vive de suor
Vive de sangrar
Vive de um amor
Que só ganha quem pagar