Restos de Feira

Restos de feira postos à mesa

Sábados...domingos...e todas as outras feiras

Tranqueiras

Restos do consumo

Insumo

Mãos brigando pelo vegetal

Mais vale que o vil metal

Alface, couve

Que houve?

Tomate, berinjela

Quem é ela?

Feira passada não estava

Que vem, estará?

Quem é ela?

Aborto falho, por acaso?

Pobreza!

Filha da Dona Ignorância e do Senhor Descaso

Neta do Analfabetismo e da Insignificância

Uma a mais, daquelas sem infância

Futuro sem lembrança

Passado sem ser criança

Tirada à força

Mendicância

Olhos-faróis vermelhos

Sem saber porquê os joelhos

Implora

Dia melhora?

Pra que as horas?

Se nem as têm mais pra sonhar

Dia de glória?

Livre. Vai memória?

Não vive de suor

Vive de sangrar

Vive de um amor

Que só ganha quem pagar

Sandraiky
Enviado por Sandraiky em 22/11/2008
Código do texto: T1297165