Pesadelo de Liberdade
Caminhos de terra
Que se perdem entre a serra
Rasgando o sertão
Fazem o caboclo levantar poeira
Enxada em punho
Olhar, olheira
Na vida e na plantação
O sol vem cortando a pele
A chuva pra regar de leve
Enchente de alegria no coração
Uma prece agradecendo
A roça sorri dizendo
Obrigada em oração
O riacho embriaga-se na cachoeira
Nascente de uma paixão verdadeira
O verde desperta, então
Brotando no colo deste solo rico
Vejo tudo e mudo eu fico
Não contendo a emoção
A brisa bailando entre as flores mais cheirosas
É o sinal da vida que se renova
Espalhando o pólen como benção
Quis um dia espiar o futuro
Olhar, com coragem, por cima do muro
Só avistei decepção
Tive as malas prontas pra cidade
Foi um sonho, vaidade
Não consegui deixar este chão
A lua se pôs frente ao cenário
Anoiteceu, fecho com dor o meu diário
Lágrimas rolam pelo rosto, feito procissão