Pesadelo de Liberdade

Caminhos de terra

Que se perdem entre a serra

Rasgando o sertão

Fazem o caboclo levantar poeira

Enxada em punho

Olhar, olheira

Na vida e na plantação

O sol vem cortando a pele

A chuva pra regar de leve

Enchente de alegria no coração

Uma prece agradecendo

A roça sorri dizendo

Obrigada em oração

O riacho embriaga-se na cachoeira

Nascente de uma paixão verdadeira

O verde desperta, então

Brotando no colo deste solo rico

Vejo tudo e mudo eu fico

Não contendo a emoção

A brisa bailando entre as flores mais cheirosas

É o sinal da vida que se renova

Espalhando o pólen como benção

Quis um dia espiar o futuro

Olhar, com coragem, por cima do muro

Só avistei decepção

Tive as malas prontas pra cidade

Foi um sonho, vaidade

Não consegui deixar este chão

A lua se pôs frente ao cenário

Anoiteceu, fecho com dor o meu diário

Lágrimas rolam pelo rosto, feito procissão

Sandraiky
Enviado por Sandraiky em 22/11/2008
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