Sem
O céu lá fora tomou a tonalidade de um amargo laranja enegrecido. Um vento frio veio repentinamente. Levou consigo sentimentos perdidos no tempo.
As parcas forças fogem da minha presença. Pés sem chão e costas doídas.
Não tenho clareza mas ainda permaneço com alguma fé. Daquela fé esperançosa de que quando amanhecer o dia estará claro. Deito a cabeça no travesseiro e tento dormir. Quero dormir. Preciso dormir. Descansar para esquecer a alma. Quando levanto, o amanhecer é nebuloso e, como num vício maldito, volto com a fé e o dia retorna no seu acinzentado contínuo.
Tento enxergar horizontes. Vejo semi-sorrisos e o vazio em letras irreais.