Prezados irmãos negros:

Não lhes escrevo hoje,em data” tão oficial”, para lhes prestar  homenagens.Nem escrevo em nome de todos que conseguiram  escravizá-los,pedindo um tal perdão...Eu sei, por mim mesma, que o que passou não passou ,como se diz em ditado popular!

Passa o que não acontece na nossa pele, aí sim,meu amigo...passa...

Hoje tentarei me sentir um negro.Quero pelo menos pensar na humilhação de não ser bem atendido e ser sempre suspeito em qualquer situação,de não ter saúde,saneamento básico ,emprego.De serem vistos como alcoólatras,preguiçosos

 

Penso na criança desolada que sem saber, nem tem opção de vida ,que dirá ,digna,pois até isso tiraram dela.Na verdade, tiraram a base de todos os outros direitos humanos,concedendo quando muito ,um terceiro lugar na tal ordem  A,B,C ,da  tal  pirâmide social.

Sinto fome,minha sujeira me incomoda,as moscas passeiam pelo meu corpo e pelo nariz pois daí escorre uma secreção. Estou semi- nu ,não tem creche para eu ficar,minha mãe  traz um meu irmão na barriga ,e arrasta puxando pela mão mais três anjos negros.Dizem que somos preguiçosos.não há trabalho,pois não há escolaridade  ,só as rabeiras do fogão,do samba e da malandragem e que me sinto gente.Trabalhadores?” só os de canela fina”.

Estamos na era da “células  tronco”, e neste atraso total que marca nossa ignorância política social,etc aprisionando o ser humano ,negro num cerco que lhe tira até a possibilidade de convivermos,como filhos do mesmo Pai,falta-lhes cidadania porque ns tiram as possibilidades...

Como comemorar se nos falta unidade,respeito,humanismo,fé!

Meu Menino  Jesus este ano vai ser negro.

 

20/11/2008

 

 

Diumira Pierini
Enviado por Diumira Pierini em 21/11/2008
Código do texto: T1295331
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