Relances...

Agora, nem poeta. Nem sonho. Ou esquina vazia. Nada. Que dance, que pulse ou se demore. Que se descanse ou engasgue. Soprar e doer. E tanto... Cruzares, cruzadas feridas. Há nada a se deitar. A se reler. Discípula. Do acaso ou das tuas palavras torpes. Se me rendes, devoras-me então. Se me prendes, me ames agora. Ou ontem. Ou qualquer coisa que o valha. De cinza me preencho e dou-lhe uma carta vazia. Palavras em branco. Tudo o que gostas e não dizes. Das navalhas em que escorremos. Dos corredores em que vagamos. Imprecisos. Retratos amarelados, rostos esquecidos. Apenas. Formas e fios. Distantes. De todos os que nem sei. De todos os que não sabias. De tudo o que me retirei. A tudo o que me envolvi. Ao que me devolvi ou me espalhei. Perdi-me. E atiro contra ti essa lâmina. Cubro-me com véu que querias. Satírico, não? Mas não. Não vês. Todos os olhos. Os sonhos e clamores. A fúria ou a ânsia que já não me tinha. Escorro. Água rasa. Imprópria. Sabes. E permite-me a imprecisão. Cômodo. Algo que se tem e que se pode esquecer, brincar quando queres e esquecer. Não é preciso mais atingir. Tingir das cores límpidas. É preciso agora apagar. Ou esquecer.

Dani Santos
Enviado por Dani Santos em 20/11/2008
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