DEVANEANTE.
O que é isso?
Que me faz
Vagar nas brechas do tempo,
Percorrer o vazio do espaço,
Sondar o que sou;
Desalinhar o pensamento;
Sonhar com o que se foi;
Desejar tudo e nada;
Buscar a mim,
Sem me encontrar!
Quando tudo
Se funde
Já não sou,
Não quero,
Nem sonho!
E no vazio de um tempo qualquer
Embrenho-me, em desalinho, o meu ser.
Toma-me o medo, querendo me conduzir
Entanto, desvencilha-me do medo a liberdade
Liberta dos temores corro como dantes,
Nos caminhos pegadas dos meus pés descalços
E pelas nuvens os rastros dos meus pensamentos.
Pelos prados e colinas vagueio
E me encanto com toda a criação que
Parece me festejar, num brotar constante.
Orvalham-se meus olhos maravilhados ante
A contemplação desse mundo, onde me despejo,
E a ele me integro numa entrega mística e completa.
Admiro-me da mansuetude do instante, enquanto o arrebol
Penetrante se entranha em meu ser - O que é isso...!
Em êxtase não sei quem fui
Ou o que serei – Apenas sou...
Assim inexplicável, emaranhado,
Explicitado, em letras e sonhos - Devaneante!