Lá em Nós
Morar numa cidadezinha de interior tem suas vantagens e desvantagens. Neste momento em que escrevo, não sei ainda ao certo se o que vou contar aqui é uma vantagem ou desvantagem, o que sei é que às vezes me traz uma sensação de conforto, de segurança, noutras, uma sensação de cansaço, de opressão.
O fato é que, de repente me dei conta de que reconheço as pessoas da cidade onde moro a mais de 300 metros de distância. Não estou querendo dizer com isso que tenha uma visão privilegiada, não, nada disso! O que estou dizendo mesmo, é que já moro a tanto tempo no mesmo lugar que os meus olhos se acostumaram com as características das pessoas que aqui comigo vivem. O jeito de caminhar, os trejeitos, a cor dos cabelos, os penteados, as roupas, tudo já se tornou tão familiar para mim, que no momento em que me dei conta deste fato, o que me veio foi um sentimento tão novo e mesclado de sensações tão distintas que simplesmente parei... Estanquei o passo e o pensamento e fiquei parada neste momento e nestas sensações.
Senti a minha cidade como a minha casa, e os seus habitantes como minha família... Aí a sensação foi de conforto, segurança!
Senti a minha cidade como uma prisão, uma gaiola... E me senti como uma prisioneira, um pássaro cativo... Aí a sensação foi de opressão, cansaço!
E foi também, neste dia e neste momento em que me senti uma árvore... Mas aí já é uma outra história que contarei em outra ocasião.
12/07/2008