NOS CAFUNDÓ DO SERTÃO
NOS CAFUNDÓ DO SERTÃO
ONILDO BARBOSA
Caco de cuia, cabaça,
Taxo de barro coité,
Urupema, jereré,
Baleeira e alçapão,
Gamela de molungú,
Trinxête, pinhão, ponteira
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
Enfileira de piaba,
Cangatí, cará, corró,
Pau de cangalha, bozó,
Candeeiro, lampião,
Caçoá, jarra, quartinha,
Machado, foice e peneira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
Mel de cana, rapadura,
Caco de fazer pipoca,
Fogo de flexa, taboca,
Torradeira de assar pão,
Alfinim, caldo de cana,
Chapéu de couro e perneira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
Trança de alho, arapuca,
Quixó, de pegar preá,
Sacola de caroá,
Cabo de enxada, mourão,
Lamparina à querozene,
Dobradiça de porteira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
Chinelo de couro cru,
Marra, chocalho, sacola,
Grampo de cêrca, gaiola,
Bodoque, mão de pilão,
Serrote, sela, cabresto,
Banco de pau e cadeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
Fruta de palma, araçá,
Queijo de coalho, paçoca,
Bolo, mimgau, tapioca,
Umbu maduro melão,
Pilão de pizar tempero,
Feito de pau de aroeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão
Fumo de rolo, tabaco,
Mel de abelha, cortiço,
Medalha de padim ciço,
Foto do frei Damião,
Anzol de pescar traira,
Cama de pau e esteira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
Casca de pau pra remédio,
Pau-darco roxo, jurema,
Marcela, boldo, alfazema,
Alecrim, manjerião
Babosa, espinheira, santa,
Fedegoso, quixabeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do sertão.
Um velho numa barraca,
Vendendo cocada branca
Um pote embaixo da banca
Com água de cacimbão,
Um camelô receitando
Pomada para frieira
A gente avista na feira
Nos cafundó do Sertão.
Uma vitrola fanhosa,
Um cabra perto encostado,
Vendendo disco arranhado
Da épouca de lampião,
LP. De Gonzagão,
Tocando Mulher rendeira,
A gente avista na feira
Nos cafundó do Sertão.
Feijão de corda, cuscuz
Com manteiga feita em casa
Cabrito assado na brasa,
Aguardente com limão,
Saarapatel com pimenta,
Galinha com macaxeira,
A gente avista na feira,
Nos cafundó do sertão.
Caminhão pau de arara,
Levando gente e trazendo,
Gente subindo e descendo,
Jumento carro de mão,
Menino pedindo um pão
Outros batendo carteira,
A gente avista na feira
NOS CAFUNDÓ DO SERTÃO.
SITE DO POETA ONILDO BARBOSA
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