Globos
Há épocas em que a única coisa que procuramos são olhares
Nada mais nos importa
Caminhamos em busca de olhos
Aqueles olhares que sem mais aviso se entrecruzam com os nossos
Não olhares de malícia, não olhares de julgamento
Simples olhos
Olhos que compreendam, sem o uso de fonemas, toda a angústia passiva de uma alma
Há tempos assim
Tão sem sentido em si
Os dias se encarregam de passar e a gente por inércia não consentida vai com ele
Vai indo
Vai sumindo
Talvez um olhar me salve ou me afogue
Mas quero acreditar que serei salvo, quiçá liberto
Quem sabe os olhares tentarão se transportar para a linguagem falada
As falas, em encontros
E esses verdadeiros encontros, num infinito inefável
Mesmo que dure só por um momento
(Sim, há momentos infinitos...)
Somente anseio, se é que isto me é possível, que de tudo o que houver não reste, como de praxe, mais um colecionável e relutante olhar de desilução...