Her(d)anças de mar

Se ao largo o mar se afina, cospe no alto, agarra-se ao céu repeso, solta-se das fráguas, ruge e luta pelo sal, que o quer só seu….

Sob o sol, sustendo o azul, as roldanas das correntes apoderaram-se da peleja para se desfazer no horizonte grávido da morte, tão perto e tão longe, em cadeias de lamentos e tormentos…

Em toda a sua força se entrega sob esse anil de servidão às vagas remexidas e já cansadas de regurgitar as almas e o nome dos vencidos pela fome.

E se à noite, fronte baixa se ajoelha quando o sol se contrai no horizonte, chorando o esquecimento do dia…

Já a tramontana, desencorpada, vela na penumbra da praia os deserdados do mar…esperando por eles, para a reciclagem do destino…ou para a simples reposição da paisagem...