Não era ímpar
Eu leio o que escreves,
tantas coisas repetidas,
ainda nada a mim....
O que sentistes no passado,
será que o sentiu uma vez por mim?
difícil pensar ter sido inusitada,
quando tantas coisas combinavam...
Combinavam no seu passado,
sentimentos que já tinhas revelado,
por outro amor,
por outra faísca de esperança,
de um amor eterno...
Não consigo me enxergar,
pra você tudo repete,
e repete,
e eu me sinto o disco quebrado,
que pulava dentro de você,
sentimentos que já viveu,
pensamentos que já lhe ocorreram...
Não inusitada,
não ímpar,
me sentia só mais uma,
me sentia sem par,
ou o par desfeito remendado em sentimentos....
Agora pergunto,
quem fui eu nisso tudo?
uma repetição?
um realejo que não parava de tocar a mesma música...
Me sentia confusa!
Queria saber,
mas talvez não queria....
talvez eu não queria me sentir como um dado viciado,
no vícios de suas percepções sentimentais.....
Talvez seja mesmo tudo que esperava que alguém fosse,
e só depois encontrou.
e desprezou,
Talvez tentavas me encontrar,
em um amor que já passou....
Mas não queria explicações naquela hora,
queria sonhar mais um pouco,
porque pra todo amor tem uma hora....
Nunca vi em traçadas linhas suas,
a minha presença,
nunca percebi que morava em alguma delas,
eu sou talvez a linha vazia entre um verso e outro,
naquela em que nada se vê,
que não há revelação, nem dedicação....
Quem sabe nas memórias póstumas,
dirás: aqui jaz alguém que me amou,
poucas palavras de mim esperou e eu não soube enxergar!
(09/06/08)