DA INFÂNCIA

Muitas vezes, tocado pela imaginação, ponho-me apensar nas lembranças de antigamente. São reminiscências de um tempo nem tão distante. Quando o céu era azul e o sol forte, os ventos calmos faziam caminhar nuvens esparsas. Ainda criança, brincávamos de cavalos a galope, de esconde-esconde. Fazíamos competições sadias desde as mais corriqueiras até as relativamente complexas para a nossa realidade. A diversidade era o nosso universo. Os desafios se sucediam.

Reunidos quase sempre em um mesmo ponto, prendíamos nossa atenção em tudo quanto queríamos imaginar. Muitas foram as descobertas encantadoras de quadros perpetuados no tempo , a deixar sinais marcantes da infância. Era uma época sem medos, onde a brincadeira era o motivo central de nossa atenção.

Hoje, pouco vejo em nossas crianças tais brincadeiras. O cenário é bem diferente. A simplicidade e a atitude ingênua derma lugar a uma disputa por brincadeiras que sugerem a violência. Um é bandido. Outro é o mocinho.As armas de brinquedo são idênticas às verdadeiras. Viver o personagem mau da história, é glorioso. Quem quiser ser bom, vira bobão.

Por que quase ninguém mais brinca, se as regras e os jogos do passado continuam as mesmas? As crianças, em essência, são iguais às de antigamente. Se bem orientadas e recebendo uma atenção verdadeira dos adultos, aceitarão os desafios propostos. Em contrapartida, se ficarem totalmente entregues ao “papai não tem tempo”, encontrarão ultrapassada toda e qualquer brincadeira. Serão cada vez mais estimuladas ao convívio virtual e dependentes dos games violentos. Entregar-se-ão ao fascínio da TV. Assistirão a guerras, sexo, violência, ao domínio das drogas, aos crimes hediondos. Ouvirão enredos onde se pontificam as distorções; as famílias em desagregação

Na verdade, todo esse saudosismo é bem mais do que u m sonho de outrora. Está implícito o desejo de ver as crianças cavalgando a fantasia das fadas, ao invés da realidade da perversão. É preferível vê-las olhando o céu azul ou mesmo visualizando nuvens esparsas, do que perdidas na terra. Teimo em sonhar com um mundo onde as nuvens desenhem as mais variadas formas de amor. Até porque, sonhos assim não fazem mal a ninguém em tempo algum. E a gente pode voltar à infância, quando quiser!

SerhumanoSER
Enviado por SerhumanoSER em 11/11/2008
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