Distância
Afastasse de mim o que fui antes de qualquer encontro, não tivesse memória, talvez a imaginação me leve numa tarde provável com a certeza de viver outra tarde, mesmo sendo tarde o verão que nunca volta. Não entendes nem as marcas da pele, só a distância repercute o teu olhar, a claridade no friso de um brilho invencível.
O que soubemos dizer? Sílabas para figurar num álbum de luz quando parto pelos vidros do destino. Sigo ilustrado na ausência, a respiração da boca em ondas nesse silêncio convocado pelo tráfico das veias. O deserto das longas avenidas onde se vai morrendo enquanto o vento passa.
A tarde esmorece na escrita do mar. Indivíduos gravam o futuro num dia límpido, a qualquer hora as sombras ameaçam as lâmpadas do devir. Para quando vier a noite, o desvio das aves sob a solidão da casa branca. Soube em cada instante seguir as imagens extintas num muro alvo. Nenhuma dúvida.