Uma Prosa Invejosa

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Invejo os poetas que se demoram na composição de uma obra: degustam, apuram, depuram, vão e voltam, vagarosamente, apreciando cada letra, vírgula e reticências.

Não sou assim...nunca fui! Passo muitas das vezes a impressão de descuido, desleixo, vontade de livrar-me imediatamente da pena, como se fosse um fardo. Mas não é o que se passa, na verdade. Minha defesa: meus pensamentos borbulham, fervem, gotejam no papel. As palavras tomam vida própria, se espalham, se ajuntam e separam-se, escolhendo, cada qual o lugar que lhes convém no velho caderno...É esse meu processo de composição (?). Minhas mãos, inquietas, coitadas, sofrem com o peso da pena...Não consigo me adaptar às regras e talvez o único fato que me prenda seja a minha pretensa poesia, liberta das amarras de contagens silábicas. Meus sentimentos não cabem na métrica., ou seria o inverso? Versos curtos, breves, me encantam, mas é visto como inexpressivos por muitos..

Oras, é preciso muita sensibilidade para expressar-se, às vezes em cinco versos, somente, o que escritores renomados gastam uma página inteira para conseguir expressar.Enfim, devo admitir que todo aquele vocabulário rebuscado é precioso, mas minha mente borbulha e ferve em idéias complexas e conexas...

O ser poeta exige disciplina: sou rebelde! O ser poeta exige paciência: sou inquieta! Mas talvez um fator primordial me redima desse crime poético, um dia.O ser poeta exige entrega intensa ao sentimento proposto.Ah..Sim, sou (pretenso) poeta!

Mas isso, caro leitor, quem vai decidir é você!

Lena Ferreira-08/11/08