Simplicidade
O papel não é capaz de traduzir, em sua frieza branca e lisa, os sentimentos dos homens que o sabem sentir. Mas a tinta negra e calorosa, combinada com a suave acidez da lágrima pura e repentina, difere o significado deles, os papéis.
Seria simples demais se conseguíssemos traduzir em meras palavras tudo o que sentimos em momentos tão especiais e marcantes de nossa vida. Quem sabe somente as lágrimas têm a capacidade de traduzir esses sentimentos omitidos em nosso coração.
Lágrimas de alegria, seja de tanto rir, seja de ver um amigo que há tanto não víamos, seja de lembranças boas do passado; lágrimas de tristeza, seja ela compartilhada, particular, nossa ou do mundo; lágrimas de saudade, saudade de um tempo que ainda nem vimos, que ainda nem sabemos se poderemos ver, ou daquele que nos perpassou e depositou toda sua essência em nosso coração. Lágrimas, que lavam a alma e nos revelam um pouco mais de nós.
Como é belo quando podemos perceber que compartilhamos sentimentos nossos com o mundo, e que mesmo assim o podemos fazer tão singular, mas tão múltiplo. Como é sublime a presença de pessoas que se fazem únicas, indiferente à opinião pobre e fétida dos que não são capazes de abrir seus olhos para explanar a vida como ela realmente pode ser, ou ainda, como ela realmente é, e aproveitam cada momento, demonstrando que, ao contrário do que se pensa, também têm sentimentos, e mais do que isso, também sabem vivê-los, vivenciá-los sem estragar qualquer elemento ao seu redor, ao contrário, os tornando cada vez mais perfeitos e adequados.
Como é simples a vida. E mais ainda, as coisas que a compõe. As coisas simples e sorrateiras, como as lágrimas.