A MULTIDÃO NOSSA DE CADA DIA

A multidão, muitas vezes, amoral

traz seus membros, muitos deles, imorais;

saem do seu modo lhano

agindo em função de uma exasperação

que os subconscientes tornam massificada.

É como se a multidão

fosse nata dos seres que a compõem,

mas diferente deles,

inconscientes para eles,

recriando-os a seu bel prazer.

As pessoas, seres heterogêneos,

na multidão, são homogêneos,

atuam na massa

como nunca atuariam individualmente...

Sozinhos, imersos em divagações,

é quando as pessoas se dão conta

das situações e soluções...

Em meio à multidão,

a inteligência e a razão se escondem,

só aos impulsos gerais dá-se vazão.

Muitas vezes, surgem heróis,

noutras, apenas anarquistas;

depende das direções

que os impulsos gerais tomam.

Escrito em 1987.

CRUZ, Ana da. A Multidão Nossa de Cada Dia. In Ao meu Amor. Belo Horizonte: Mazza, 1997. RGBN. 433.912

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