Sendo a Noite dos Românticos

Hálito de folhas outonais descendo das árvores, traço no crepúsculo a linha destas aves pela efusão da noite. As avenidas deixam um brilho anónimo numa profundidade longínqua até ao frio líquido. Ninguém regressa dos jardins ou da memória de si, evolui a solidão provável de um dia efémero. Outono dura numa claridade que se esvai, essa metamorfose pálida de lábios supostos e inacessíveis. No entanto, consomem-se as sílabas por entre as margens em declínio, os olhos, os teus olhos - tecem o tear das sensações múltiplas. Pela desvelada luz na neblina que vai, ouço o zumbido do ar nas arestas da sombra. Uma hora desenhada pelos personagens do real, as imagens que há na vida. No entanto, descrever apenas a paisagem em mim imensa, um vínculo admirável com o teu corpo em anéis. Sendo a noite.