O TEMPO
O tempo tal qual o conhecemos, assemelha se a uma grande janela invisível onde desenvolve-se uma nova dimensão, dimensão infinita cuja maior virtude é fazer com esqueçamos aquilo que fomos e aquilo que não nos é permitido relembrar.
O tempo impassível é o impossível de nossas carnes, pois cumpre-nos o caminhar finito e certo, cujas obras nem sempre serão o que de melhor possamos deixar àqueles que após nós nos seguem.
O tempo implacável, paira sobre todos como uma densa bruma, perde-se em nós mesmos para encontrar nas efemérides de nossos dias um motivo para ser medido, calculado, sonhado e com o seu passar, até mesmo morto.
O tempo certo é aquele no qual exteriorizamos o que de mais belo existe em nós mesmo, cabendo as leis naturais o ocaso de nossas matérias.
O tempo, cuja dimensão encontra-se ao nosso redor é o inimigo daqueles que oxidam a alma na ira, no medo, e no desejo dos infortúnios dos desafetos.
No entanto o tempo nada mais é do que o nosso caminho para a eternidade, uma passagem para um encontro com nós mesmos na plenitude de nossos melhores atos, numa constante renovação, até que a fosca luz de nossas áureas torne-se como brilho de incandescente estrela.
Que passe o tempo, mantido e vigiado por Cronos, mas que jamais passem nosso infinito desejo de renascer a cada instante e a cada instante vivermos nosso tempo sem deixa-lo simplesmente passar por nossas vidas.
Copyright by Oliveira, Guilhermino Domingues de São Paulo, 27/02/2004.