Quintais
Era um tempo sem tempo...
Coisa que não tenho mais.
No desabrochar da doçura
Havia mangas e pés ligeiros,
Cacimbas, anil, linho nos varais.
Lilás era a saudade.
Os dias eram Primavera!
Amanhecia...
Galos cantavam,
Meninos corriam bola de gude,
Bola de meia, cadernos Veleiro,
Açudes, ladeiras, rolimãs...
Meninas sonhavam príncipes,
Casinhas e lençóis de cetim.
Bonecas de pano...
Bonecas de pano...
Abóboras sorriam com velas acesas:
- Doce ou travessura?
Quem lembra? Passou...
Como passam os anos,
Escreve a vida, diminui a utopia.
Segue a carruagem, quase sem sonhos,
Dobra as esquinas da viagem,
Quilômetros, estradas,
Pensamentos de não sei bem o quê.
A pressa me engole e deserta do que fui
Volto ao tempo dos quintais.