A verdade

O vento foi mais que bem vindo ao passar sorrateiro por entre nós, noite passada.

Você sorriu, não resisti, toquei seu rosto.

Minhas mãos tremiam e estranhavam a fina seda que ora tocavam.

Não acreditava no que acontecia.

Segurei a sua mão e ela também tremia.

Os dedos entrelaçados trocavam juras de não mais se soltarem.

Sua cabeça pendeu e recostou-se levemente em meu ombro.

Vi o céu, pensei: “ela deve saber que, ao olhar no céu à noite, eu sei que todas as estrelas são extensão de seu brilho”.

E você sabia o que eu pensava.

E eu não podia acreditar no que acontecia.

Você disse: “sou real”.

Mudamente sorri. Disfarcei o olhar encabulado.

Voltei a fitar seu rosto e sorri.

Beijei sua mão e sua face.

Murmurei “eu te amo”, no meu jeito sincero de dizer.

Você comentou: “eu sei, sou feliz por isso”.

Não consegui acreditar.

Pela primeira vez estive certo em não acreditar.

Nada disso aconteceu. Foi tudo mentira.

... porque a verdade dói...

... e mata.