VERSOS VULGARES.
Nós, novamente, entrelaçados...
Tu, tua poesia alquebrada, e eu.
Falas de amores e os rima com dores;
Dizes de sonhos e te olvidas da realidade!
Ah, poeta, meu caro poeta,
Em teu solitário entusiasmo sentimental
Tens esquecido do leme da própria vida e de rimá-la,
Em suas nuanças multicores, assim, vives à deriva!
Derrama-te poeta,
Em prosa e em versos, conta da alma e do coração.
Recorda, todavia, que nalguns instantes se faz necessário, esquecer;
Das rimas e refrões que derivam da ingratidão e se transformam em versos vulgares.
Caríssimo,
Observa os jacarandás, florescem e se despejam; ornando caminhos,
Sob calcares imaturos de desfazimento, não obstante, estendem-se,
garbosos, e pelo chão, viçosos tapetes a colorir a rota do caminheiro não afeto as suas flores!
Ah, amante louco, lírico,
Que diz não rimar e nem cantar como os Poetas, cantam e rimam;
Que verseja, simples, como sabe e que se entrega, inteiro, em profissão de fé, à inspiração...
Reconquista o timão da tua vida,
Lembra-te, ninguém nasceu para sofrer.
Mira, os floridos jacarandás...
E torna tuas rimas doravante, coloridas.
E teus versos consoantes à uma nova floração!
Poeta,
Poetas não são menos Poeta,
Ainda que rimem somente o amor com a dor;
Espelha-te na águia mesmo ferida não deixa de ser águia,
Bem o sabes, pedaço de mim!