A CIDADE JÁ ACORDOU

A Vasta imensidão, lugares extensos no espaço

intensas sombras no vazio,

ruas e ruelas

guetos e becos,

nação e facção.

as igrejas ressoam seus sinos, sumiram as letras dos hinos

as madames e seus tecidos finos,

as mãos postas nos templos, os individuos e seus exemplos

transeuntes, andarilhos, maltrapilhos e engravatados

o mercado com seus enlatados,

a arquitetura dos encaixotados,

a cortina de lona, a roupa cafona

as praças, avenidas e jardins

gays, lesbicas e afins.

os seguranças dos patrões, as cores dos casarões

a destreza dos ladrões.

a fabrica cuspindo fumaça, bebados exalando cachaça,

cada um com sua carapaça.

a pedra, o pó, o fumo e as drogas da farmacia

a cama macia, o papelão sem cabeceira

as crianças e suas coceiras.

a luz dos postes, a escuridão dos sem terra

a policia atira e erra

mais uma bala perdida, juventude ferida

a classe sofrida.

respirar, mover, criar e enlouquecer

tentar esquecer do sabor do nascer

querer o poder sem pelo menos sofrer.

os pedestres, os veiculos, os vinculos

a peça da loja, o preço da soja

os políticos e sua corja.

o hospital, o hotel, o restaurante e a cadeia,

o muro pichado, o monumento mijado

o pertence roubado.

o xingo, a gratidão, a impaciência e a razão

a forma de traiçao, a falta de proteção

a industria da prostituição,

os raios de sol, a luz da lua, a natureza sozinha

a voz da vizinha, o berço da criancinha

um toque na campanhia.

o relógio ja despertou

mais uma vez avante

deixe a preguiça e levante.

a cidade já acordou.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 23/10/2008
Código do texto: T1243590
Classificação de conteúdo: seguro