"O que falta é tesão!"
Fugiram-me antigas inspirações, é provável que tais “aspirações” ressurgem neste meu momento de justificar a minha inanição. Ou não! Seja tal motivo ainda a minha maior desculpa por não mais desejar que o outro saiba dos meus pensamentos, ou quem sabe tal ausência tenha lá seus motivos na psique, ainda confusa, perdida e meramente amórfica.
Decerto, leitor, é que não tenho mais os mesmos calores de antigamente. Não, não ria; não estou me referindo ao calor tropical, àquele sim que nasce na alma, queima até mesmo o restinho de sobriedade do mais ébrio boêmio. Ria agora, cúmplice meu, e olha lá que nem eu sentirei receio em dizer-te: “falta-me tesão!” Isso, falta-me tesão para escrever. Uma estranha restrição de repudiar o contrário me tomou o espírito. Creia, tornei-me uma ex-sem-vergonha pudica! Valha-me Deus, nem eu, nem o mais assíduo leitor desta pseudo-esperta imaginaria ler tal linha. Mais é fato que tenho lá meus momentos de puritanismo. Não me envergonho destas mutações, pois as conheço e reconheço como passageiras. Digo mais, não são alterações de caráter, pois se a dúvida pairar em minha frente, vestindo um jeans apertado e com a barba por fazer, rendo-me ao despudor deslavadamente, e faço jus ao apadrinhamento rodriguiano: “O sexo é a insatisfação impossível. O amor é o que justifica o fato de o homem ter nascido”.