missa das seis

Amanhece em cada esquina da cidade

Também nessa em que amanheço com meus temas

E delírios de cantar os meus poemas

Cheios de clichés de meia-idade

Nessa métrica confusa em rimas tortas

Em voz alta por narcísica vontade.

Abro a casa e a manhã cheia de sábado

Traz aromas de fubá e capuccino

Mas o som que agora minha sala invade

Tem o tom de procissão do rei-menino

Quando espio, vejo em luz de bom cinema

Movimento de fiéis com seus santos

Ligo o som e encho a sala de outros cantos

Em duelo com as vozes das senhoras

Que agudizam de esperança minha rua

Lá de foram entoam hinos do passado

Em louvor a um velho deus que já não sei

Lembro então de tempos idos já embaçados

De mãos dadas com minha mãe.... missa das seis.

comunhão de vinho e pão

incenso e velas

cálices de sangue feito verbo

penitência

corpo em brasa

confissão.

Cado Selbach
Enviado por Cado Selbach em 19/10/2008
Código do texto: T1236057