missa das seis
Amanhece em cada esquina da cidade
Também nessa em que amanheço com meus temas
E delírios de cantar os meus poemas
Cheios de clichés de meia-idade
Nessa métrica confusa em rimas tortas
Em voz alta por narcísica vontade.
Abro a casa e a manhã cheia de sábado
Traz aromas de fubá e capuccino
Mas o som que agora minha sala invade
Tem o tom de procissão do rei-menino
Quando espio, vejo em luz de bom cinema
Movimento de fiéis com seus santos
Ligo o som e encho a sala de outros cantos
Em duelo com as vozes das senhoras
Que agudizam de esperança minha rua
Lá de foram entoam hinos do passado
Em louvor a um velho deus que já não sei
Lembro então de tempos idos já embaçados
De mãos dadas com minha mãe.... missa das seis.
comunhão de vinho e pão
incenso e velas
cálices de sangue feito verbo
penitência
corpo em brasa
confissão.