O Quinto Submundo
Olho para a janela, vejo o céu. São 19h de uma filosófica quinta-feira. Penso em tudo sobre a minha vida. Como pode? A um tempo atrás, eu estava com ela, abraçando-a, beijando-a, como se fosse eterno. Agora, estou aqui, magoado comigo, olhando para este maldito céu que só sabe anoitecer e amanhacer. Que tédio!
Segurar aquelas mãos, olhar praqueles olhos! Não terei mais a felicidade de acordar ao lado dela, de comprar o iogurte que ela gosta, arrumar a minha cama quando ela vai lá, fazer aquela carta de juras de amor.
Agora estou procurando a razão de esquecê-la, a razão pela qual luto todos os dias depois daquele domingo. Aquele domingo no qual pensei minutos antes que não aguentava ficar ao lado dela, e realmente isto é verdade. Mas agora a saudade e as lembranças me avassalam como um podre boneco de pano esmagado por um pé tamanho 68.
Eu já perdi tudo, me culpo por tudo e me odeio às vezes. No começo, ela me amava como eu nunca fui amado na minha vida. Com o tempo, isto foi amadurecendo e já neutralizado, precisava voltar à minha vida anterior, para ter certeza se eu a amava realmente. Estou vendo no que resultou toda aquela preocupação, aquelas mudanças, aquelas ilusoes patéticas, as brigas idiotas... Resultou nisso - Ela está feliz e é o que importa.