Eterno Retorno
Pelas altas horas de um dia côncavo, a atmosfera, para falar do contexto onde gerir as arestas da noite, previ sentir, sentir quando se sonha a neblina do que vivemos – neblina como um brilho em colunas. Nenhum estado se repete nas áleas da memória porque não queremos. Ficar no limite, entre linhas de um compasso que desliza, o limite é deslizar para sempre – um deslize. Nenhuma contradição, desenhamos até ao infinito as múltiplas aberturas onde vamos – vamos hoje beber um café na esplanada das nuvens enquanto chove. Este mesmo espelho se prolonga por um vórtice espelhar. Comprar as notícias numa loja de promessas, guardar os ecos quotidianos para recordar um dia em frente ao dia. Ou, talvez ir sobre os lagos debitar a solidão ou o frio nos dentes. E. E os navios que não voltam distraídos do destino. O riso das aves
com um convite para o crepúsculo. Não cessa o tema ao fundo do sonho, soa na névoa a mesma frase cintilante. O que escrevo – os andares de um edifício sem alicerces. Coágulos de luz em avenidas que flutuam.
A herdade da memória, marcas cavando o cérebro. E. Ficar no limite, em linhas sobre um espelho côncavo que nos prolongue: a alegria na noite, a exalação indiferente. Um tema para que as palavras mentissem.
E quando a neblina é a neblina – ou a noite é a noite – desenho aquelas avenidas por onde corre, o quê? Por onde corre a vida em botões digitais: começar a viagem de regresso às arestas de outra viagem por outras áleas. Pelas altas horas.