Caminhos

O Sol nunca vai brilhar o bastante para quem se esconde nas sombras

Uma rocha bruta nunca vai libertar seu diamante se não houver paciência e labuta

Como é bom viver e ruim decidir o que fazer ante o vazio que nos

invade subitamente

Sinto vontade de conhecer aquela pessoa que está sentada sozinha no

ponto de ônibus

Lendo um livro de Dostoievski e comendo castanha sem se importar com as cascas

Mas o meu ônibus acabou de chegar.. meu cansaço e minha letargia não

me deixam ficar

Ser livre para as possibilidades singelas, quebrar as regras óbvias,

andar enquanto correm

Inconscientemente, continuo sendo subordinado do mercado, mesmo fora

do horário de trabalho

Chegando em casa, abri a grade, abre a porta enfadonhamente

Tranca solenemente, joga as chaves na estante

E pensa por um instante que vai encontrar a mãe na cozinha, o pai na

sala, a irmã em frente ao espelho, o sobrinho no quarto, brincando de

ser escoteiro...

Se joga na cama, os pés sufocados pelo sapato abrupto, a camisa

amarrotada, olhando para a janela, vendo uma árvore bailando seus

galhos e lhe ofertando um frescor dos deuses

vira para outro lado, olha um quarto empilhado de livros a serem

lidos, de roupas a serem engomadas, de poeira a serem dispersadas,

duas medalhas penduradas na parede - tempo em que corria levemente...

e um quadro torto, que consigo ver com um enquadramento perfeito...

Então quem estava torto?

Eder Carneiro Cardoso e Silva
Enviado por Eder Carneiro Cardoso e Silva em 15/10/2008
Código do texto: T1230219
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