UMA MISTERIOSA FERRARI DE MÔNACO VAI PARAR NO PARAGUAI (S.P.S.M.)
Jaime vinha trazendo seu caminhão, quase cochilando na direção, pela estrada que vinha do Chile, atravessava o Paraguai e desembocava na Ponte da Amizade, que liga o seu país a cidade paranaense de Foz do Iguaçu. Os rebites e os quase dois litros de café que havia bebido para se manter acordado e atento na estrada já não estavam mais fazendo efeito, e ele não podia parar, seu destino estava bem próximo, mais meia hora e ele já chegaria em Assunção do Paraguai, com seu carregamento de vinhos chilenos, muitos dos quais “se perderiam”, indo parar do outro lado da fronteira, nos Brasis, um pouco mais tarde. Jaime não pensava muito nisso. Aliás, nunca pensava. O que lhe interessava era que lhe pagassem o frete, o que fariam com a mercadoria trazida não lhe interessava nem um pouco.
E o sono sobrevinha, cada vez mais irresistível, e Jaime pisou mais forte o acelerador, a fim de chegar logo ao seu destino. Assim que lá chegasse e descarregasse o caminhão, iria dormir o tempo que estava acordado, ou seja, doze horas ininterruptas. Mal podia saber o que estava por vir. Em todas as vezes anteriores em que fizera aquela rota, Jaime nunca caíra no sono na direção, talvez uma ou duas vezes, e quase sempre já chegando na empresa onde descarregava seu caminhão, mas nunca na estrada! E desta vez, ele acabou caindo no sono, foi uma fração de milésimos de segundos, daqueles que quase fazem a diferença para a conquista de uma pole position na Fórmula 1, depois disso acontecer, não conseguiria dormir por muitos dias. No exato momento em que caíra no sono, uma buzina começou a soar, acordando-o abruptamente, mas era tarde demais para ele, no esforço de desviar-se, imaginando ter passado para a contramão, o caminhão acabou tombando fora da estrada.
Depois que o susto inicial passara, Jaime pode perceber que não havia andado nem um milímetro na contramão, apesar daquele cochilo, que na verdade quem buzinou é que estava na contramão. Horas depois, dando seu depoimento ao policial rodoviário, Jaime disse que parecia que aquele carro tinha aparecido do nada. Apesar de tê-lo visto por muito pouco tempo, Jaime o descreveu com perfeição, era um automóvel Ferrari, vermelho reluzente, com aparência de recém-saído da concessionária, era conversível, tinha uma mulher jovem na direção e uma placa muito estranha, não parecia ser de nenhum país da América do Sul, talvez das Guianas, ninguém sabe como são as placas das Guianas, nem mesmo se há carros por lá. Mas Jaime lembrou-se em seguida, parecia que a placa tinha escrito um nome de um lugar, Mônaco. Não seria difícil de encontrar, pelo menos a polícia pensou assim. Mas jamais encontraram o tal carro. Investigaram pessoas, empresários, políticos, importadoras, para saber como teria vindo parar numa estrada do Paraguai uma Ferrari de Mônaco. É claro que se quisessem investigar a única pessoa que sabia como isso tinha acontecido, não teriam muito tempo para procurá-la.