A última despedida
Eu já havia escrito antes, que seria a última. Não sei o que houve, mas não foi.
Agora eu juro que será; será a última carta, a última tentativa, a última vitória dos derrotados, a última canção escrita.
Será o último observar do orvalho. Amor, eu queria fazer um verso tão completo quanto aquele dia. Queria descrever e narrar cada cor que me compunha. Não sei fazê-lo.
Mas eu juro que não vai sobrar nada, não trago ressentimentos, não trago más lembranças, são todos os bons momentos que me acompanham agora.
Este é o meu Requiem. Minha sonata à calma que me invade.
Amor, não sei terminar uma última carta. Queria eu narrar o tudo, queria eu entender o nada, queria eu escrever sobre o belo, escrever sobre os jogos, e completar minha canção.
Por favor, não esqueça:
Sairei devagar quando for embora
Não deixarei a porta ranger, nem os sapatos arranharem
Assim você não saberá que eu parti
Prometo
Que não ouvirás que estou partindo
Mas me prometa que poderei te ouvir chorando.
Em resposta, sei:
Se quiser fugir de casa, me avisa
Que eu te preparo um lanche
O Caminho para o céu é longo,
Mas quando lá chegar, ligarei.
Para que me passe o resultado final
desse meu último requiem: banal.
Ísis de Almeida